domingo, 29 de outubro de 2017

MÃE – EXPLICANDO O FILME (2017)






Muita gente saiu atordoada do cinema ou da sessão caseira do filme “MÃE”. O motivo é que se trata de um filme totalmente metafórico e que fala não só da maternidade, mas da criação do mundo, desde a gênese até o apocalipse.

Javier Bardem personifica a figura do Deus clássico, que criou a Terra e quer vê-la cheia de novas pessoas e ideias. Jennifer Lawrence personifica a Mãe Natureza, que para preservar sua relação com Deus quer que os dois fiquem sozinhos. Talvez ela já imagine que o ser humano seria capaz de corromper tudo aquilo que ela construiu com tanto amor e carinho.

Em um determinado momento chega a casa Ed Harris, que personifica Adão. Na cena onde ele passa mal e é auxiliado por Deus, uma cicatriz na altura das costelas aparece. Logo depois chega Michelle Pfeifer, nossa Eva, arrogante, curiosa e que passa a não cumprir regras. Ela entra na sala proibida onde Deus, o escritor, cria suas novas histórias e poesias, e quebra um cristal, o símbolo da Vida, representando a quebra que existe quando ela come o fruto proibido. Eles são expulsos pela mãe natureza do paraíso, mas Deus os acolhe, como pode mandar seus filhos embora? E aí eles transam, instaurando o pecado dentro da Terra, que é simbolizada pela casa.

Após o ato sexual chega o filho mais velho, depois o mais novo e numa briga por questões materiais o mais novo mata o mais velho (assim como Caim matou Abel).

Os canos estouram, vem o dilúvio, o povo vai embora, mas não adianta, eles não mudam e destroem novamente tudo que a casa lhes proporciona, em nome da adoração que eles tem pelo escritor. Alguns até dizem que suas palavras mudaram as suas vidas.

A Mãe Natureza engravida e aí o filme retrata toda a dedicação que uma mãe tem no período de gestação de uma nova vida, tanto que o coração da casa pára de sangrar.

A gravidez da Mãe traz o pequeno Jesus, que ela tenta proteger, mas Deus entrega ao povo, diz que eles precisam do menino, e o garoto é morto e comido (a hóstia que representa o corpo de Cristo nas celebrações cristãs).

A editora do livro simboliza a falsa profetiza, que em nome das palavras que tem no livro pratica atos contra a humanidade. E aí chega o Apocalipse, quando a casa explode, incendeia, acaba tudo, pois a Natureza não agüenta mais tudo aquilo, e nasce outra Mãe Natureza. Ele é o único que continua vivo, pois é Deus.

Mas essa é a única interpretação que o filme traz? Não. Ele pode ser visto como todos os conflitos que nascem de uma relação e da própria maternidade, e até mesmo da vida da pessoa como ela muda quando se consegue a fama, atraindo adoradores e haters, ambos invadindo sua privacidade.

A presença de Deus e da Mãe Natureza como Deusa (ela é chamada assim em vários momentos do filme), mostra que a história pode ser interpretada tanto pelas visões cristãs, como também pelas pagãs e por isso, em alguns momentos, apesar da submissão da Natureza em relação a Deus, os dois são colocados no mesmo patamar.

O filme também não possui trilha sonora, e isso acaba trazendo uma imersão ainda maior na história.

Darren Aronofsky é aclamado pela critica e famoso por suas obras surrealistas e muitas vezes ligadas à conotação religiosa e metafórica, como “NOÉ” e “CISNE NEGRO”.

Foi uma viagem assistir a esse filme, mas uma viagem que valeu à pena!!!!!



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