Muita gente
saiu atordoada do cinema ou da sessão caseira do filme “MÃE”. O motivo é que se
trata de um filme totalmente metafórico e que fala não só da maternidade, mas da
criação do mundo, desde a gênese até o apocalipse.
Javier
Bardem personifica a figura do Deus clássico, que criou a Terra e quer vê-la
cheia de novas pessoas e ideias. Jennifer Lawrence personifica a Mãe Natureza,
que para preservar sua relação com Deus quer que os dois fiquem sozinhos.
Talvez ela já imagine que o ser humano seria capaz de corromper tudo aquilo que
ela construiu com tanto amor e carinho.
Em um
determinado momento chega a casa Ed Harris, que personifica Adão. Na cena onde
ele passa mal e é auxiliado por Deus, uma cicatriz na altura das costelas
aparece. Logo depois chega Michelle Pfeifer, nossa Eva, arrogante, curiosa e
que passa a não cumprir regras. Ela entra na sala proibida onde Deus, o
escritor, cria suas novas histórias e poesias, e quebra um cristal, o símbolo
da Vida, representando a quebra que existe quando ela come o fruto proibido.
Eles são expulsos pela mãe natureza do paraíso, mas Deus os acolhe, como pode
mandar seus filhos embora? E aí eles transam, instaurando o pecado dentro da
Terra, que é simbolizada pela casa.
Após o ato
sexual chega o filho mais velho, depois o mais novo e numa briga por questões
materiais o mais novo mata o mais velho (assim como Caim matou Abel).
Os canos
estouram, vem o dilúvio, o povo vai embora, mas não adianta, eles não mudam e
destroem novamente tudo que a casa lhes proporciona, em nome da adoração que
eles tem pelo escritor. Alguns até dizem que suas palavras mudaram as suas
vidas.
A Mãe
Natureza engravida e aí o filme retrata toda a dedicação que uma mãe tem no
período de gestação de uma nova vida, tanto que o coração da casa pára de
sangrar.
A gravidez
da Mãe traz o pequeno Jesus, que ela tenta proteger, mas Deus entrega ao povo,
diz que eles precisam do menino, e o garoto é morto e comido (a hóstia que
representa o corpo de Cristo nas celebrações cristãs).
A editora do
livro simboliza a falsa profetiza, que em nome das palavras que tem no livro
pratica atos contra a humanidade. E aí chega o Apocalipse, quando a casa
explode, incendeia, acaba tudo, pois a Natureza não agüenta mais tudo aquilo, e
nasce outra Mãe Natureza. Ele é o único que continua vivo, pois é Deus.
Mas essa é a
única interpretação que o filme traz? Não. Ele pode ser visto como todos os
conflitos que nascem de uma relação e da própria maternidade, e até mesmo da
vida da pessoa como ela muda quando se consegue a fama, atraindo adoradores e
haters, ambos invadindo sua privacidade.
A presença
de Deus e da Mãe Natureza como Deusa (ela é chamada assim em vários momentos do
filme), mostra que a história pode ser interpretada tanto pelas visões cristãs,
como também pelas pagãs e por isso, em alguns momentos, apesar da submissão da
Natureza em relação a Deus, os dois são colocados no mesmo patamar.
O filme
também não possui trilha sonora, e isso acaba trazendo uma imersão ainda maior
na história.
Darren
Aronofsky é aclamado pela critica e famoso por suas obras surrealistas e muitas
vezes ligadas à conotação religiosa e metafórica, como “NOÉ” e “CISNE NEGRO”.
Foi uma viagem
assistir a esse filme, mas uma viagem que valeu à pena!!!!!
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